“O melhor resumo tem que começar por aqui: Os Luandenses estão cada vez mais bem servidos em termos de gastronomia.” – Ana Filipa Amaro
Estes foram os Prémios LNL mais renhidos de sempre.
Depois de contabilizados várias centenas de votos recebidos ao longo dos últimos 12 dias, ficou patente que a crescente qualidade dos restaurantes da capital, aliada a maior concorrência e a maior oferta contribuiu para a imprevisibilidade de algumas categorias desta edição dos prémios. Em muitas categorias, o primeiro lugar mudou várias vezes durante os dias de votação, enquanto que noutras foi o mesmo desde o primeiro dia.
Entretanto, nas redes sociais, emails, e em conversas no quintal, opiniões foram partilhadas, julgamentos foram feitos, discussões acenderam. Qual deles o melhor? Chegou, finalmente, o momento de revelarmos os Vencedores dos Prémios LNL 2015.
MELHOR SUSHI DO ANO: CAIS DE QUATRO (30% DOS VOTOS)
Pelo terceiro ano consecutivo, o Cais de Quatro, na Ilha de Luanda, ganhou o prémio de Melhor Sushi do Ano. Este famoso restaurante foi dos primeiros lugares na capital a servir sushi, e continua a ser a preferência de muitos dos nossos leitores no que toca a esta iguaria japonesa.
2º Lugar: Kook Restaurante (26% dos votos)
MELHOR CHURRASCO (GRELHADOS) DO ANO: LOOKAL ASSADOR (24,8% DOS VOTOS)
Depois de dois anos consecutivos do Nandinhos vencer esta categoria, o Lookal Assador arrebata este prémio pela primeira vez. O Assador é o mais novo restaurante do grupo Lookal e a especialidade da casa são carnes grelhadas na tradição gaúcha, em fogo de chão. O restaurante foi bem recebido pelo público apreciador de carne grelhada e valeu ao espaço uma votação de quase 25% do total para esta categoria. Mas o Nandinhos não ficou muito longe…
2º Lugar: Nandinhos (23% dos votos)
MELHOR QUINTAL DO ANO: LA VIGIA (40,4% DOS VOTOS)
O La Vigia já tem duas placas de Melhor Quintal do Ano a decorar uma das paredes desta grande casa, aquela que alberga para uma significativa maioria dos leitores deste portal o seu quintal preferido. Este ano, vai receber a sua terceira placa. Felizmente, a parede é extensa; se continuarem a deliciar os luandenses com os excelentes peixes grelhados que se fazem aqui, não faltará espaço para mais placas.
2º Lugar: Kintal da Tia Guida (28,3% dos votos)
MELHOR BAR/LOUNGE DO ANO: DOO.BAHR (27,7% DOS VOTOS)
Apesar da abertura de vários bares e lounges durante os últimos anos, o Doo.Bahr venceu esta categoria pela terceira vez consecutiva, tendo recebido 27,7% dos votos. O bar e lounge, afecto ao Restaurante Oon.dah, tem se destacado na oferta de diferentes festas temáticas e sunsets durante a semana bem como um excelente menu de cocktails variados. A Taberna Urbana, nos Coqueiros, ficou em segundo lugar.
2º Lugar: Taberna Urbana (21,2% dos votos)
MELHOR PIZZARIA DO ANO: CAPRICCIOSA (25,3% DOS VOTOS)
Este ano, a pizzaria preferida dos luandenses foi, mais uma vez, a Capricciosa, vencedora pelo terceiro ano consecutivo. É obra. Entretanto, a pizzaria dos bairros da Maianga e Mutamba já conta com mais concorrência no mercado; nesta votação ficou com 25,3% dos votos, apenas 5% mais que o segundo classificado (o recém-aberto Fazendeiro). Nos dois anos prévios, a diferença foi muito maior.
2º Lugar: Fazendeiro (19,9% dos votos)
MELHOR HAMBURGUER DO ANO: H3 (26,2% DOS VOTOS)
A categoria do Melhor Hamburger do Ano é sempre uma das mais renhidas. 2015 foi um bom ano para os amantes de hamburgueres devido a abertura de várias hamburguerias pela cidade. Foi o ano da estreia no mercado de nomes como a Champagneria, o ArtBurger e a h3; esta última, que abriu a sua primeira loja no Belas Shopping, venceu a categoria. É por isso uma estreia de ouro para a hamburgueria portuguesa, que conseguiu convencer os luandenses da sua qualidade. O próximo ano promete.
2º Lugar: Champagneria by Chill Out (22,4% dos votos)
MELHOR RESTAURANTE NOVO DO ANO: CHAMPAGNERIA BY CHILL OUT (34,4% DOS VOTOS)
A Champagneria abriu com o conceito novo e inovador: um menu focado em hamburgueres e pizzas gourmet mas que tem outras delícias, num espaço que se vê como cool e trendy. À tarde serve almoços executivos a um preço fixo; à noite é um lounge com festas temáticas, DJs e hamburgueres. A combinação foi bem aceite pelo público, que correspondeu com este prémio: Melhor Restaurante Novo do Ano.
2º Lugar: Fazendeiro (19,2% dos votos)
MELHOR EXPERIÊNCIA RESTAURANT WEEK: KITANDA DA ESQUINA (17,1% DOS VOTOS)
Esta foi a categoria mais renhida dos Prémios LNL 2015. Quatro restaurantes tiveram mais de 14% do voto – o Coconuts, o Pimm’s, o Mirage (Edifício Deana Day Spa) e a Kitanda da Esquina – e o vencedor, a Kitanda, ganhou com 17,1%. Foi o espaço que os luandenses mais gostaram de frequentar durante o Restaurant Week, não só pela qualidade do menu mas também pelo ambiente acolhedor e cosmopolita da casa.
2º Lugar: Mirage – Edifício Deana Day Spa (15,6% dos votos)
MELHOR GELADARIA DO ANO: BE DELICIOUS (27,3% DOS VOTOS)
A emblemática geladaria do Largo do Atlético, nos Coqueiros, voltou a conquistar esta categoria pelo segundo ano consecutivo. O Be Delicious é conhecido pelo seu gelado artesanal, feito diariamente para se manter fresco, com ingredientes nacionais e importados; quem lá se desloca pode saborear o gelado tanto na sala interior como na esplanada, lugar agradável de se estar. Pelo segundo ano consecutivo, o Gelati Amore Mio ficou em segundo lugar, a poucos pontos percentuais.
2º Lugar: Mirage – Gelati Amore Mio (26,3% dos votos)
O MELHOR RESTAURANTE DO ANO
O Júri
Este ano, tal como no ano passado, a votação do Melhor Restaurante do Ano esteve a cargo de um júri especialmente escolhido para o efeito. Todos os membros do júri estão ligados ao ramo de hotelaria e restauração e têm, em conjunto, vastos anos de experiência e vivência no mundo da gastronomia. São eles:
Helt Araújo, ChefO Helt é um dos mais bem conhecidos e mais bem viajados Chefs angolanos da actualidade. Natural de Benguela, já trabalhou no mítico El Bulli (3 Estrelas Michelin), considerado pelo Restaurant Magazine como o melhor restaurante do mundo 5 vezes no total, e também no restaurante do Hotel Fortaleza do Guincho (1 Estrela Michelin), em Cascais. Este ano, criou o menu do jantar de gala da Academia Internacional de Gastronomia, o mais importante evento da gastronomia internacional, que decorreu em Paris no Restaurante Epicure (3 estrelas Michelin) do prestigiado Hotel Bristol. O Chef angolano foi acompanhado pelos Chefes Ricardo Braga (Restaurante Caribe) e Bruno Oliveira. Actualmente, o Helt dirige a Guapa Catering; brevemente, abrirá um restaurante em Luanda.
Hildérico Coutinho, Escanção/SommelierÉ, para nós, o melhor enófilo em Luanda. Na cidade, é certamente dos mais conhecidos e dos mais incansáveis na tarefa de partilhar a grande sabedoria que é arte de apreciar o vinho. Já trabalhou pelo Gourmet de Belas, o restaurante Luanda Grill, em Luanda, e o Quo Vadis? Enoteca e Cozinha Mediterrânica em Portugal, um restaurante do próprio. Actualmente é sócio-gerente do projecto Club DiWine Signature, que pretende massificar o consumo e a educação do vinho no país; assina uma crónica semanal no Rede Angola, parceiro de conteúdos do LNL.
Ana Filipa Amaro, Directora Rotas & SaboresSe o LNL existisse em versão impressa, certamente seria do mesmo género e estilo que a revista Rotas & Sabores, a primeira e única revista angolana dedicada exclusivamente ao turismo, lazer e viagens. Somos parceiros desta publicação da Edicenter, empresa do grupo angolano Executive, desde os seus primeiros momentos de vida. Graças a visão e ao trabalho incansável da sua Directora, a Ana Filipa Amaro, sempre atenta ao desenvolvimento turístico do país e à sua divulgação, a Rotas é um título de leitura obrigatória para quem queira conhecer os segredos, as paisagens, os sabores e muito mais que este país tem “escondido”.
Sara Sardinha, Academia Angolana de Gastronomia A Sara é principal força impulsionadora da Academia Angolana de Gastronomia, criada em 2013 com o objectivo de preservar e divulgar as tradições culinárias do país. Tem como missão cuidar do nosso património culinário, estimular a partilha de receitas e contribuir para a melhoria dos hábitos alimentares dos angolanos. A Academia Angolana de gastronomia integra a Academia Internacional de Gastronomia, com sede em Paris, a mais prestigiada entidade promotora cultural gastronómica no mundo, e foi a primeira organização africana a ser aceite na Academia Internacional. O jantar de gala organizado pelo país em Paris, que contou com as criações dos chefes Helt, Bruno e Ricardo, foi fruto do trabalho da Academia.
Teresa Vieira, Partner na Thermomix Angola O lançamento do Top 20 Chefs de Angola – Sabores do Mundo com Thermomix, um projecto concebido, elaborado e executado pela Teresa, com bastante esforço e dedicação, foi um dos maiores acontecimentos no sector de restauração angolano em 2015 por reunir no mesmo livro cerca de 100 receitas dos melhores chefs a trabalhar no país neste momento. Este livro da Thermomix, distribuidores oficiais da máquina Bimby em Angola, é provavelmente o primeiro livro a fazer isso na história do país. É um trabalho que celebra os nossos chefs e é uma grande mais valia para os milhares de chefs amadores nas milhares de cozinhas caseiras espalhadas por este país.
O Processo
Cada membro do júri (a Equipa do LNL incluída – conta como um membro) submeteu uma lista de 5 restaurantes que na sua opinião podiam ser considerados os melhores do ano, espaços onde os membros do júri tivessem tido as suas melhores experiências gastronómicas. Destas várias listas, surgiram três restaurantes mais votados: o Kitanda da Esquina, o Pimm’s e o Kook. O júri foi aos três restaurantes para fazer uma avaliação final, tendo em conta a experiência global, desde aos pratos servidos ao atendimento e a sensação de bem-estar. Desta avaliação, saiu um vencedor.
MELHOR RESTAURANTE DO ANO 2015: KOOK
A opinião final do júri:
“O desafio que nos foi colocada enquanto membros do júri e que levou posteriormente à eleição dos três finalistas foi a de escolhermos os restaurantes onde tivéssemos tido as melhores experiências e não aqueles que considerávamos os melhores de Luanda. Ainda bem que assim foi para que não se caia na monotonia de ter de avaliar sempre os mesmos e porque escolher o melhor restaurante é, para mim, uma impossibilidade pois não existe. Foi portanto esta a filosofia que mantivemos na escolha daquele que considerámos como o melhor restaurante do ano de 2015.
Se nos pedissem para escolher o espaço com o ambiente mais agradável, cosmopolita e divertido a escolha unânime seria o Kitanda da Esquina. Este restaurante merece ainda os parabéns pelo exemplar serviço e que foi, para mim, o espaço em Luanda que mais evoluiu nesse particular com uma orientação segura e atenta e uns cada vez mais simpáticos e prestativos empregados de mesa. A cozinha no entanto tinha, nesse mesmo dia, acabado de perder Fábio Ramos, o seu chefe de há bastante tempo e isso notou-se. Provavelmente isso não aconteceria se lá voltássemos daqui a uns 15 dias…
Se nos pedissem para escolher aquele restaurante que tem o mais profissional dos serviços, então a escolha não poderia ser outra que não fosse o Pimm’s, justo vencedor no ano transato e certamente o mais confiável dos restaurantes com uma constância de qualidade digna de registo.
Se fosse o serviço a ser avaliado, o Kook seria o perdedor, pois ainda denota muita impreparação e desorientação por parte dos empregados de mesa, mas foi aqui que tivemos a melhor experiência gastronómica e creio que é essencialmente isso que procuramos quando vamos a um restaurante, comer bem, certo?
O dia escolhido para visitarmos o Kook não poderia ter sido pior escolhido para quem está a comandar uma cozinha, pois nesse dia não houve entregas de produtos frescos. No entanto um restaurante de qualidade tem de estar preparado para estes dias e foi isso que o Chef Pedro Rezende Pereira fez, levando-nos numa noite a revisitar todo o trabalho que tem feito desde que chegou a Angola, procurando fundir a sua cozinha, muito transmontana de onde é originário, com os ingredientes locais, algo que tem conseguido fazer cada vez mais e melhor. Uma palavra de apreço ao sushiman daquela noite, que iremos seguir com atenção e que conseguiu ótimos resultados com as condições já referidas que penalizam esta cozinha mais do que qualquer outra. Por tudo isto, os meus parabéns ao eleito: KOOK.”
– Hildérico Coutinho, Escanção/Sommelier do Club DiWine
Três grandes noites
“Diria que, mais uma vez, o LNL cumpriu a sua missão. Apesar de só um restaurante ter saído vencedor, todos mereceram estar neste top 3 de finalistas a “Restaurante do Ano”. O melhor resumo tem que começar por aqui: Os Luandenses estão cada vez mais bem servidos em termos de gastronomia. E os três finalistas acabam por ser a representação dessa melhoria a que temos vindo a assistir nos últimos anos na restauração em Luanda.
Primeiro, o grande vencedor: uma impressionante fusão de sabores, de ideias e de conceitos entre a cozinha angolana e a cozinha portuguesa. Tudo envolvido em doses certas de criatividade que surpreendeu o júri do LNL a cada prato que chegava à mesa. Mais: o Kook usa ainda como ingrediente principal dos seus pratos a ousadia, arrisca sem medo de errar. Num olhar mais transversal, o serviço tenta acompanhar esforçadamente a qualidade que sai da cozinha. Atentos e sempre à procura de não descurar os detalhes – numa emergência (copo de vinho derramado na mesa – festa!) reagem com prontidão.
No Pimm’s, é exactamente este último factor que mais chama a atenção: um serviço exemplar, irrepreensível, com as doses certas de simpatia, de acolhimento e de preocupação. Sentimo-nos “protegidos” pelo chefe de sala e “mimados” pelos empregados de mesa. Da cozinha sai tradição. Saem os clássicos da gastronomia. Faz falta um toque de modernidade? Sim, faz, mas não o suficiente para abalar o seu conceito. Acabamos a noite com a certeza que daqui dificilmente sairemos desiludidos.
Modernidade é o que a Kitanda da Esquina tem. Ressalvamos o facto de ter sido a primeira noite em que o novo chef esteve sozinho no comando das operações, e não se saiu mal. Onde ganha a Kitanda? Pela originalidade. Tem opções para muitos gostos e mantém-se fiel ao conceito original: uma tasca sofisticada, com petiscos sofisticados num ambiente cool e familiar.
Volto a ideia inicial deste texto: o LNL voltou a cumprir com a sua missão, a de continuar a incentivar todos queles que se movem nesta área para que se faça mais e melhor, para que a gastronomia angolana ganhe cada vez mais protagonismo e se conheça os seus produtos únicos no mundo. Um incentivo também aos chefs e aos gerentes para que não deitam a toalha ao chão quando confrontados com as dificuldades de manter vivo espaços que muitas vezes representam o sonho de uma vida.”
– Ana Filipa Amaro, Directora Rotas & Sabores
Uma cozinha sofisticada
Sim, foi neste pequeno restaurante de cozinha de autor localizado dentro de um business park em Talatona onde tive várias das minhas melhores experiências gastronómicas nesta cidade.
Desde a abertura do Kook há sensivelmente dois anos que Luanda conta com uma das suas cozinhas mais sofisticadas, se não a mais sofisticada. Uma refeição no Kook não é uma refeição qualquer: em cada prato nota-se o respeito pelo ingrediente, a mestria de quem o transformou em algo comestível, e o respeito pela arte em si. O sucesso do Kook deve-se ao maestro na cozinha, o chef Pedro Rezende Pereira, que considero ser um dos melhores chefs actualmente a trabalhar em Angola. Fico feliz quando olho para a minúscula cozinha do restaurante e vejo o chef a passar conhecimento a sua equipa, toda ela exclusivamente angolana, porque sei que alguma desta experiência ficará por cá se algum dia (espero que não seja tão cedo) o chef decidir enveredar por outro caminho.
Penso ter sido o Kook um dos primeiros restaurantes em Luanda a ter um menu de degustação. Menu este que muda consoante o que há no mercado e nas actualizações que o chef queira fazer. O menu da nossa refeição espelhou perfeitamente o conceito gastronómico deste restaurante, que prima pela utilização de ingredientes locais e pela estimulação dos nossos sentidos. É uma experiência. A refeição começou logo com algumas entradas da secção do sushi, um dos pontos fortes do Kook. Realça salientar que o sushiman é angolano e trabalha muito com peixes nacionais, comprados na Praia da Mabunda.
Depois, os snacks:
Chouriço assado mexido num ovo
Sim, o chef tem um sentido de humor. Este snack é literalmente servido dentro de vários ovos. Come-se com uma colher de chá.
Pato, jimboa, maçã e caju caramelizado
Nunca falta pato no menu do Kook. E ainda bem, porque é uma das minhas carnes preferidas e tem com abundância no mercado local. A maçã e o caju caramelizado dão aquele doce necessário para casar perfeitamente com o sabor particular desta ave.
Caranguejo de Namibe recheado e gratinado com seu caldo
O caranguejo é servido na própria casca, com um recheio de diferentes texturas; o caldo é servido à parte, quente, num pequeno recipiente preto, e…bebe-se.
Os primeiros suspiros começaram depois do caranguejo. Por esta altura houve membros do júri que se darem conta, pela primeira vez, que afinal ainda não tínhamos começado sequer com as entradas:
Açorda de lagosta, camarão, feijão óleo de palma e choco frito
Esta veio logo a seguir ao caranguejo, mantendo a mesma linha do marisco, mas com um twist: a utilização de feijão de olho de palma e choco frito. Não sei em que mais lugar do mundo, para além desta pequena sala de jantar, é possível comer uma açorda com feijão de óleo de palma.
O prato principal de peixe (ou, neste caso, polvo) que veio a seguir foi um dos destaques da noite.
Polvo com cheiro a fumo, batata-doce, ginguba e agrião
Os garçons trazem à mesa os pratos, cobertos. Depois, em união, tiram a cobertura; o fumo escapa do prato e perfuma o ar com aquele cheiro inconfundível de uma lareira no campo. A batata doce e a ginguba, esta servida em forma de pasta, fazem a ligação com os sabores da terra e de repente estamos perante o que foi talvez o melhor prato da noite.
O prato de carne:
Borrego assado com grão e kizaka
Foi a primeira vez que comi borrego com kizaka, uma folha angolana com um sabor bastante particular, muito comum em pratos de funge. Sou louco por kizaca mas a consumo sempre da mesma forma, com o mesmo tempero, a mesma maneira de cozinhar e os mesmos acompanhantes. Esta experiência de a comer com algo diferente, emparelhada com o borrego assado, abriu-me os olhos (e o paladar) a versatilidade deste ingrediente.
A sobremesa foi outra criação única com ingredientes que eu nunca pensaria em juntar.
Abóbora, queijo e crumble de jinguba torrada
Os olhos também comem…
“Para (finalmente) terminar, os petit-fours: Trufas de chocolate negro com amêndoa e Trufas de chocolate branco com côco. Nesta altura, já o meu iPhone se tinha aposentado – daí a falta de fotos.
Creio que esta refeição espelha bem o que o Restaurante Kook conseguiu criar cá em Angola e o que ainda tem a criar; para além desta fusão entre ingredientes, conceitos e gostos portugueses e angolanos, há também a preocupação em utilizar produtos locais, trabalhados por cozinheiros locais, fazendo uso da sabedoria local. Foi, para mim e o resto do júri, o Melhor Restaurante do Ano em 2015.”
– Cláudio Silva, Sócio-gerente do Luanda Nightlife