Como acampar em Porto Amboim

Escrito por Winnie Carmo

Localizada a pouco menos de 300km de Luanda, Porto Amboim, assim baptizada em 1923, é a cidade portuária da província do Kwanza Sul. Outrora chamada de Kissonde, e mais tarde de Benguela Velha, esta cidade hoje tem marcas evidentes da história de Angola, bem como praias que valem a pena visitar.

O seu povo acolhedor faz as ruas fuscas e estradas esburacadas parecerem mais vivas, mas ainda assim não pudemos deixar de reparar no desleixo com o cuidado desta bela parte do nosso país.

Contudo, como bons exploradores que somos, focámo-nos na missão de desbravar um pedacinho de Porto Amboim, e não nos arrependemos.

NOTA: Por favor, seja um turista responsável e respeitoso. Não deite lixo no chão, seja educado com as pessoas e respeite as diferenças culturais.

Antes de viajar

Tratando-se de campismo, a vontade é de levar a casa, mas fomos comportados e fizemos uma lista do que seria necessário, averiguamos as condições de transporte, e informámo-nos sobre os possíveis locais de acampamento.

Muito rapidamente também consultamos a previsão do tempo, na esperança de que fosse acertar, e pusemos mãos à obra!

Como chegar

O nosso meio de transporte escolhido foi a Macon. Com uma média de 2 autocarros para Porto Amboim por hora, pareceu-nos uma aposta segura, caso fosse necessário alterar os planos.

Se for numa época concorrida, como foi o nosso caso, aconselhamos-lhe a comprar os bilhetes com pelo menos 24h de antecedência, se possível antes. Os bilhetes podem ser comprados na hora, mas lembre-se que vai depender da disponibilidade de lugares. Vale mencionar que não poderá comprar bilhetes com data e hora exactas no terminal de Porto Amboim, somente bilhetes em aberto, que pode ser até conveniente.

Neste momento (Setembro 2019), a Macon vai lhe dizer que a viagem será de 6h, mas fizemos entre 4h e 5h, tanto na ida como na volta. A estrada está boa na maior parte do percurso, com um ou outro desvio de terra batida. Prepare somente a paciência, porque o número de paragens é quase sofrível.

Onde ficar

Postos lá, descobrimos que o único meio de locomoção público da cidade são as famosas kupapatas, as moto-táxi que tanto nos safam a vida.

Obviamente não é o meio mais confortável se estiver a transportar uma mala de 90L, com tenda e a cozinha toda lá dentro, mas, como disse, o povo de Porto Amboim é boa gente e conseguimos um pequeno carro que nos levou ao ponto de acampamento.

Acampamos então ao lado do famoso Restaurante Farol, em frente à Capitania, numa área que poderia perfeitamente ser ao lado do antigo Chill Out, em Luanda. O Sr. Rui, gerente do Farol, disponibilizou-nos gentilmente as casas de banho e os balneários (pois é, quando pensamos que fossemos viver de toalhitas de bebé por 3 dias, apareceu-nos um anjo).

Como dizíamos, ficamos num local em que os visitantes e locais fazem praia aos fins de semana, o que significa que não é o típico local de campismo isolado e que vai haver alguns curiosos a observá-lo enquanto cozinhas as suas refeições.

Posto o sol, a praia fica totalmente deserta, e pode até pedir ao simpático guarda da Capitania, bem como ao Sr. Rui para deixar algumas lâmpadas acesas, se preferir. Não espere ver muitas estrelas, mas desfrute do frescor do mar e da sua sinfonia imponente. As ondas fazem lembrar as da Ilha de Luanda, e a maré pode parecer que vai subir até à área das tendas, mas não aconteceu, o mar manteve-se a uma distância segura.

Restaurante Farol
Endereço: Rua Alfredo Pukuta / Marginal, Porto Amboim, Angola
Tel.: +244 933 221 405
Horário: Terça a Domingo, das 7h às 23h | Encerrado às Segundas

Onde e o que comer

Para além do Farol, experimentamos o Restaurante Mindelo, mesmo ao lado da Capitania. A comida estava boa, mas achamos os preços exorbitantes, não percebendo como é que uma coxa de frango pode custar akz 2.500.

Tem também alguns pequenos restaurantes e roulottes pela cidade, aos quais chega em alguns minutos a pé, que lhe oferecem preços mais competitivos.

No geral, achamos que os valores praticados no sector de restauração desta cidade assemelham-se muito aos de Luanda.

O que fazer

Praia, praia e mais praia. Tendo ido para relaxar, fazer nada estava no topo da nossa lista e fizemos pouco para mudar isso. Porém, ainda andamos um pouco pela cidade e interagimos rapidamente com os locais, que nos fizeram lembrar que no Sumbe, mesmo ao lado, decorria o FestiSumbe 2019.

Fomos também preparados para pescar, e com a água fresquinha das réstias do cacimbo, tivemos a sorte de pescar 8 peixinhos que nos serviram de entrada para o jantar.

Não nos esquecemos de relaxar e apreciar o limpo e nítido pôr do sol, que mereceu um minuto de silêncio.

O que levar

  • Alimentos não perecíveis (faça uma ementa, para lhe facilitar)
  • Vestuário e acessórios de verão (incluindo fato de banho, chinelos, chapéu e óculos escuros)
  • Tenda e saco-cama (ou mantas)
  • Lanterna
  • Itens pessoais básicos (escova de dentes, toalha, canga, etc)
  • Kit de cozinha de campismo (fogão, combustível, panelas, etc)
  • Itens de limpeza (não se esqueça dos sacos de lixo!)
  • Kit de primeiros socorros

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