Falta de Divisas? Onde ir pra fora, cá dentro: Rota do Litoral

No momento em que escrevemos estas linhas, 100 USD custam 72.000 AKZ no mercado informal. É practicamente impossível adquirir divisas nos bancos comerciais. Não há dólares, não há Euros, não há moeda estrangeira. Como consequência, as pessoas simplesmente pararam de viajar para fora, ou então o fazem com muito menos frequência. Mas será este o motivo para ficarmos eternamente em casa, presos num filme de terror financeiro, na incapacidade de sairmos deste pesadelo? Não nos parece.

Não vamos aqui fingir que existe turismo interno no verdadeiro sentido deste conceito, e muito menos uma indústria organizada e estruturada que o suporte. Entretanto, já começam a haver algumas opções, ainda que apenas para viajantes com um poder de compra acima da média. Estas opções são invariavelmente mais baratas que o custo total de trocar Kwanzas na rua e efectuar uma viagem ao exterior, e oferecem a oportunidade de conhecer a imensidade e o potencial turístico deste país. Partilhamos aqui alguns lugares espalhadas por Angola, desde fazendas a safaris, bem como dicas sobre como viajar sem sequer pagar estadia, fazendo algo que muita gente, incluindo os nossos amigos do Views of Angola, faz há muito tempo: campismo.

Sem mais rodeios:

Mubanga Lodge, Luanda

De Luanda Sul até ao Mubanga Lodge, um resort rústico localizado nas margens da Lagoa Kilunda, na Funda, são cerca de 1 hora e 20 minutos, viajando tranquilamente. Apesar da curta distância em relação a capital angolana, quando chegamos ao Mubanga é como se estivéssemos num outro mundo. Respira-se ar puro, ouvem-se cantos de aves e uma muito bem-vinda ausência de barulho. No fim da nossa estadia, não nos apetecia regressar à Luanda e à…realidade. E é precisamente esta a magia do Mubanga. 

O resort fica localizado no Bairro 56, Funda, município de Icolo e Bengo. A maneira mais fácil de chegar é via auto-estrada. Pegue a Via Expresso em direcção à Viana e vá até ao fim da mesma, que é o cruzamento com a Estrada de Cacuaco (Estrada Nacional 110). Curve à direita e leve a EN110 cerca de 35 mins (39km) rumo ao sul. Por esta altura já vai ver o sinal a dizer “Bairro 56”; em frente ao restaurante do mesmo nome, curve à esquerda, numa rua de terra batida. O Mubanga Lodge fica no fim desta rua. Se estiver no centro da cidade, o conceito é o mesmo: apanhe a Estrada de Cacuaco e depois de passar a vila do mesmo nome, mantenha-se do lado direito na primeira bifurcação para permanecer na EN110 até à Lagoa do Kilunda e o Bairro 56.

A cozinha do restaurante gourmet do Mubanga Lodge é certamente um dos destaques do resort. Tem espaço para melhorar, e não fomos fãs de todos os pratos, mas foi sem dúvidas um dos pontos fortes da nossa estadia. O conceito é de um menu degustação: tanto o almoço como o jantar contêm quatro pratos incluindo peixe, carne, e sobremesa, ao critério do chef em serviço. O bar oferece diversas bebidas (que são cobradas à parte) incluindo sumos naturais, cervejas, caipirinhas (a de maracujá é particularmente boa) e mais.

A diária do Mubanga é de 46.000 AKZ e inclui a pensão completa: pequeno almoço, almoço e jantar. As bebidas pagam-se à parte

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Fazenda Rio Íris, Kwanza Sul

Escondida entre os exuberantes morros tropicais da província do Kwanza Sul está uma fazenda que foi erguida em 1975, ano em que Angola tornou-se independente. Rodeada de verde, a Fazenda Rio Iris é o lugar ideal para passar um fim de semana prolongado se procura pela hospitalidade à moda antiga, se gosta de caminhar na natureza e se gosta daquela beleza que só o campo nos pode oferecer.

A experiência inesquecível e relaxante que é uma visita à Fazenda Rio Iris – também conhecida como Fazenda Rio Uiri – onde a diária são 14.000 AKZ para um quarto duplo incluindo o pequeno almoço, começa com a espectacular viagem de 5 horas de carro entre Luanda e Conda. O caminho para a Fazenda confirma a fertilidade dos solos do Kwanza-Sul: existem vários mercados cheios de cor ao longo do trajecto, onde se vendem principalmente fruta e vegetais.

Os buffets do almoço e jantar [4.000 AKZ cada] são servidos num belo celeiro convertido em sala de refeições, com as vigas de madeira expostas, uma decoração de tempos passados e um pé direito enorme. Ao fundo, as gigantes portas de madeira abrem-se para um terraço. Há também disponível um menu à la carte.

Os hóspedes podem explorar as redondezas numa carroça puxada por burros à partir da Fazenda. Há cerca de uma hora de carro, perto do Sumbe, encontrará fantásticas grutas gigantes cheias de morcegos; para lá chegar, terá que caminhar por cerca de meia hora, sempre a descer o morro. Recomendamos vivamente: valem mesmo a pena para qualquer pessoa que queira explorar as belezas naturais deste país. Não tão espetaculares mas igualmente divertidas são as fontes termais naturais que podem ser encontradas há cerca de 15 minutos de carro da Fazenda. Por último mas não menos importante, existem vários trilhos para caminhadas a volta da Fazenda, o que é raro neste país minado e vastamente inexplorado. 

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Email: fazendarioiris@hotmail.com

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Lodge Kapembawé, Benguela

Localizado na comuna de Talamajamba, município da Baía Farta, o Lodge Kapembawé está “inserido no Parque Ambiental AMAC, uma extensa área mista de savana com acentuados declives, enquadrada a oeste pelo Atlântico, a sul pelo Rio Coporolo e a este/norte por relevos expressivos.” Apesar de estar apenas a 45 minutos da cidade de Benguela, a sensação que se tem no Lodge é uma de isolamento, sossego e paz. 

O Kapembawé é um dos nossos lodges preferidos no país devido ao leque de actividades que oferece: pode optar por um safari pelo parque (vivem aqui diversos animais, entre macacos, oryx, zebras da planicie, cabras de leque, punjas, bambis, gnus, e girafas; passeios de iate pela costa benguelense, passeios de burro e bicicleta, pesca no Rio Coporolo, mergulhos na maravilhosa piscina, BTT, paintball, e várias outras.

O Lodge participou no último Benguela Restaurant Week e tem uma cozinha de realce, comandada pelo chef angolano Alfredo Gonçalo; é comum receber residentes das cidades de Benguela e Lobito que aparecem de propósito para comer no restaurante. 

A diária no Lodge Kapembawé é de 18.000 AKZ para um quarto de casal num dos 20 bungalows, com pequeno almoço incluído. O quarto mais básico, o “Basic T1”, custa 13.500 AKZ com pequeno almoço incluído. As actividades são pagas à parte.

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