Onde ir e o que fazer no feriado do Dia do Herói Nacional (ou qualquer outro feriado)

Com fotos de Ady Leão (Lagoa do Arco e Quedas de Kalandula) e texto do Vihua Lodge por Rotas & Sabores

Há certas oportunidades que devem ser agarradas com as duas mãos. Mini-férias de 4 dias em pleno início de verão é certamente uma delas (obrigado Manguxi). É uma oportunidade para te lançares à estrada e conheceres um pouco mais do país, ou meteres-te no avião e descobrires uma província onde nunca puseste os pés. O turismo em Angola é ainda uma miragem, é claro, mas aos poucos começa a ser uma imagem cada vez mais nítida. Neste guia, partilhamos contigo algumas ideias sobre onde e como passares o feriado, com roteiros, dicas e detalhes um pouco fora do comum. Boa viagem!

Malanje

A viagem do centro de Luanda para o centro de Malanje demora sensivelmente 5 horas; fizemos este percurso durante o Angola Hotel Week e constatamos que as estradas estão razoáveis. Há um mau troço no Bengo, mas a situação melhora consideravelmente no Kwanza Norte (vale a pena uma paragem no Hotel Terminus, em N’dalatando, para um cafézinho ao pé da piscina) e na província de Malanje a estrada vira pista. 

O que fazer

Uma das características que mais gostamos nesta maravilhosa província é o facto das suas principais atrações estarem a distância de cerca de uma hora do centro da cidade de Malanje. Falamos concretamente das Quedas de Kalandula (as segundas maiores no continente), das Quedas de Musseleje  (ver nota a seguir), dos Rápidos do Kwanza na fronteira com o Kwanza Sul, e das Pedras Negras do Pungo Andongo (tens de ver as pegadas da Rainha Njinga!). Todas estas atracções estão facilmente identificáveis no Google Maps, uma bússola imprescendível para este tipo de viagens. 

Para tornares esta viagem verdadeiramente inesquecível, porque não sobrevoar estas atrações? O Grupo MIAMOP, empresa detentora do Hotel Palanca Negra, em Malanje, oferece voos panorâmicos e passeios turísticos de helicoptero por um preço que ronda os 350.000 AKZ para um grupo de 4 pessoas (valor negociável, ida Luanda-Malanje).

Sobre as Quedas de Musseleje: se puseres estas quedas no Google Maps, vais notar que o Google encontra as quedas, mas não consegue decifrar o caminho pra lá chegar. Não há maka. Os jovens/guias nas Quedas de Kalandula conhecem e podem indicar o caminho, bem como os populares das redondezas. Em útima instância, o ponto no Google Maps pode funcionar como guia: a estrada pra lá chegar é um mero trilho onde só cabe um carro de cada vez, mas é visível no Maps em modo satélite. Vale muito a pena, e até podes tomar banho por baixo das quedas…

Onde ficar

Queres um hotel com piscina no centro de Malanje? A melhor opção é o Hotel Palanca, maior hotel da província. O serviço do hotel, o restaurante e o design (chinês) deixam a desejar, mas a vontade de dar um mergulho naquele sol malanjino às vezes é mais forte.

Queres um hotel com piscina e vista para as Quedas de Kalandula? A Pousada de Kalandula, lugar único nesta terra, é o local indicado. Os quartos podem deixar a desejar (e só são 7, todos com uma vista maravilhosa das Quedas), mas a Pousada está em vias de inaugurar novos suites com vista para as quedas e é possível que estejam prontos em breve. E a vista…a vista é mesmo imbatível. Já o troço para a Pousada de Calandula é que está em mau estado de conservação, mas basta andar devagar e com atenção (neste troço, 14km fazem-se em 20 mins).

Queres um boutique hotel no centro da cidade, com uma das melhores pastelarias no país (nomeada para os Prémios LNL 2018 by Standard Bank), um design moderno e uma localização central? Então o Hotel Portvgália é pra ti. Bem no centro da cidade e numa zona jovial e cheia de vida, o Hotel Portugália, para além de acomodação, tem um restaurante requintado e confortável, que serve os seus hóspedes e clientes externos com elegância e pratos saborosos.

Onde comer

Pelo menos uma das tuas refeições tem de ser feita no Quintal, provavelmente o melhor restaurante na cidade (outro nomeado para os Prémios LNL 2018 by Standard Bank, categoria “Melhor Quintal”)

Leitura adicional:

Parabéns Malanje: o que a cidade oferece aos seus visitantes
 (LNL)

Roteiros Rede Angola: Malanje (um pouco desactualizado, mas mesmo assim pertinente)

Um fim de semana na Restinga

Para quem quer usar o feriadão para comer, beber, andar, fazer praia e relaxar, não conhecemos melhor opção do que a Restinga do Lobito. Já passamos aqui fins de semanas inteiros sem sair desta língua de areia; tem tudo o que precisamos. Excelentes restaurantes, vastos areais, bares de praia, petiscarias, e mais; para quem é fã de arquitectura, esta zona do Lobito apresenta casas e outros edifícios que marcam uma época distinta. Turismo arquitectónico à pé! Falando em andar à pé, é das coisas que mais gostamos de fazer na Restinga. Como luandenses que somos, ainda estranhamos com passeios (tem passeios!), passadeiras (e os carros param mesmo!) e os mais variados detalhes que só notas quando caminhas pelas várias ruas desta península (pois, não é só a rua principal!). 

O que fazer

Praia, comer, beber, e andar. E relaxar, claro. Não há muito que inventar. Outro ponto de interesse na Restinga é o Museu de Etnografia do Lobito, mas não sabemos se estará aberto durante o feriadão (duvidamos muito), e o acervo que lá está…bom, já viu melhores dias.

Onde ficar

Sim, por estas bandas o pai grande é o Hotel Terminus, provavelmente o melhor hotel de praia em Angola em termos de infraestruturas. Tem um areal imenso, piscina com vista para o mar, quartos com vista para o mar e a Baía do Lobito, o famoso Jango…mas em termos de serviço, retrocedeu. Neste momento, não temos como saber o número de telefone do hotel. Não têm website nem Facebook nem Instagram. Talvez a melhor opção seja contactar a empresa Benguela Turismo

Existem várias outras opções na Restinga. O nosso hotel de eleição é o charmoso Hotel Residence Casa Rosa, por várias razões: não está na praia, mas basta atravessar a estrada; tem piscina e um pequeno restaurante num jango mesmo ao pé da piscina; e os quartos são o seu ponto forte pelo seu design, conforto, e elegância. 

Outra opção é Hotel Turimar, mas este é mais um business hotel do que outra coisa. Por fim, tanto o Hotel Restinga como o Hotel Executivo oferecem preços razoáveis, quartos decentes, e vistas lindas.

O que comer

O melhor restaurante da província e um dos melhores restaurantes de praia no país está situado na Restinga do Lobito e chama-se Batuk. Pelo menos duas refeições devem ser feitas neste lugar: um almoço demorado a seguir a um mergulho, e um jantar ao ar livre por baixo das estrelas e ao som das ondas. Mas o que não faltam na Restinga são restaurantes, quintais, fino gelado e petiscarias. Fazemos sempre questão de petiscar (ou mais) no Luna, beber uma N’gola a estalar no Alfa Beach Bar ou no Zulu; se nos apetecer gastronomia portuguesa, estilo caseiro, damos um salto ao D.Bina ou ao Dom Pedro no Compão. Os pequenos-almoços do Terminus ajudam a combater possíveis “excessos” cometidos na noite anterior, e o peixe fresco e marisco do Embala Típico vale muito a pena.

Um Mussulo diferente

Não, não falamos do Mussulo de festas e noitadas. Nem o Mussulo da Roça das Mangueiras ou do Barssulo. Falamos de um Mussulo diferente…

Netu’s Village

Este resort é diferente dos demais pelos simples factos de estar localizado na contra-costa do Mussulo (é o único que conhecemos nesta localização). Como resultado, as praias são praticamente desertas, há pouco barulho, pouca confusão, ondas muito mais fortes do que na outra costa, mais espaço para piscinas e bungalows, e sossego à noite. O Netu’s Village é um dos mais novos resorts no Mussulo e tem uma infaestrutura interessante: duas grandes piscinas, uma para adultos e outra para crianças (a piscina para adultos tem um bar), um espaçoso restaurante (a cozinha é sem dúvidas um dos pontos altos deste resort), bungalows de várias tipologias (T0, T2, T2 Plus e T3), e um areal com bar de praia (isso mesmo, podes beber sangrias a beira-mar) e espreguiçadeiras. Funciona bem para um fim de semana de descanso em família. Os barcos apanham-se no Museu da Escravatura, e a indicação ideal é “o resort ao pé da casa do Kopé”.

Tel: +244 923 488 873
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Road-tripping no Namibe

A proposta aqui é simples: esquecer tudo, desligar de tudo (menos do Google Maps, quando possível…vamos ter calma), pegar no carro e ir à descoberta das inúmeras praias quase desertas da costa namibense, com foco nas seguintes praias principais: Baía das Pipas (30km a norte da cidade de Moçamedes), Praia dos Mucuissos (19,5km a norte da cidade de Moçamedes), Praia Azul (10km a sul da cidade de Moçamedes) e claro, as praias da cidade: a Praia Amélia (onde está situado o Lodge Vila Doroteia) e a Praia das Miragens. Escusado será dizer que nenhuma viagem ao Namibe, por mais descontraída que seja, está completa sem uma peregrinação a Lagoa do Arco, um oásis no Deserto do Namibe que felizmente ainda se encontra com água. 

Sendo Namibe uma das províncias com maior potencial turístico em Angola, um road-trip pelas suas vistosas praias é apenas uma das formas de viver esta província. Uma das outras seria explorar o imenso deserto, o mais antigo no mundo e uma experiência realmente fascinante. Mas para tal, convém ir com um tour organizado pelas principais agências de viagens presentes na região (Atlântida WTA e TravelGest) ou com um dos guias da AGTSA (Associação dos Guias de Turismo e Servidores Artísticos de Angola).

Onde comer

As melhores referências na cidade são o Restaurante Liopa Mar e o Clube Náutico, ambos na Marginal.

Leitura adicional: 

Roteiros Rede Angola: Namibe (um pouco desactualizado, mas mesmo assim pertinente)

Safari no Kapembawe ou no Vihua

Engana-se quem pensa que Benguela é só praia, ou que uma experiência na Huíla resume-se ao Lubango. Tanto uma como a outra província têm lodges que entre os seus serviços oferecem os melhores safaris que se podem fazer no país. Atenção: obviamente que não os vamos comparar com os safaris feitos em países como Botswana, Quénia, África do Sul ou Tanzânia. Mas são os primeiros passos da nossa nascente indústria turística, e para além de animais selvagens estes dois espaços oferecem um sossego fora do comum.

Lodge Kapembawé

Localizado na comuna de Talamajamba, município da Baía Farta, o Lodge Kapembawé está “inserido no Parque Ambiental AMAC, uma extensa área mista de savana com acentuados declives, enquadrada a oeste pelo Atlântico, a sul pelo Rio Coporolo e a este/norte por relevos expressivos.” Apesar de estar apenas a 45 minutos da cidade de Benguela, a sensação que se tem no Lodge é uma de isolamento, sossego e paz. Esteve fechado durante mais de um ano mas reabriu recentemente com nova gerência.

O Kapembawé é um dos nossos lodges preferidos no país devido ao leque de actividades que oferece: pode optar por um safari pelo parque (vivem aqui diversos animais, entre macacos, oryx, zebras da planicie, cabras de leque, punjas, bambis, gnus, e girafas; passeios de iate pela costa benguelense, passeios de burro e bicicleta, pesca no Rio Coporolo, mergulhos na maravilhosa piscina, BTT, paintball, e várias outras.

O Lodge tem uma cozinha de realce; é comum receber residentes das cidades de Benguela e Lobito que aparecem de propósito para comer no restaurante. 

Tel: +244 924 867 605
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Vihua Lodge

Situado, mais concretamente, na região da Tunda dos Gambos, no coração da fazenda Três N, o Vihua Lodge é a opção certa para passar uns dias fora da capital, Lubango. O resort surpreende pela arquitectura simples e convidativa, com um acolhimento simpático e com a garantia de puro descanso. Projectado com bungalows e suites, com todo o conforto que é exigido, mantém, no entanto, a simplicidade rústica que caracteriza um espaço inserido na natureza. E este é, talvez, um dos factores que distingue o Vihua Lodge, estar erguido totalmente no meio da floresta.

Para lá chegar, o visitante que venha do Lubango segue pela estrada internacional em direcção ao norte da vizinha República da Namíbia. A grande aventura começa logo depois de 80 quilómetros de asfalto, já que nesta altura faz-se um desvio para o lado esquerdo, para seguir pelo menos mais 70 quilómetros de terra batida, ou seja, de picada. 

De manhã, depois do pequeno-almoço, há uma viatura 4×4 preparada para quem quiser passear pela extensa fazenda Três N. Aí, sim, acontece o turismo natural. Os visitantes podem fotografar e filmar de perto várias espécies de animais selvagens. Avestruzes, girafas, zebras, palancas vermelhas, olongos, gazelas, impalas, vacas do mato, águias e pássaros de diferentes cores são alguns dos muitos bichinhos que fazem da biodiversidade uma realidade. Não deixe de visitar também a área de criação de bois e cavalos de raça.

Tel: +244 931 152 999
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